O tempo da existência
terrena de Jesus foi entendido como antecipação da alegria que seria
experimentada quando o Reino de Deus se manifestasse em plenitude.
Quando não mais houvesse lugar para lágrima ou tristeza e tudo fosse
felicidade. Sendo assim, não tinha sentido seus discípulos se entregarem
à penitência e ao jejum, como faziam certos grupos, enquanto tinham
consigo Jesus. Não era hora de tristeza! Não fica bem alguém recusar-se a
comer em plena festa de casamento, quando o noivo ainda está
presente.
Todavia, o jejum se justificaria quando os
discípulos fossem privados da presença física de Jesus. O jejum, então,
teria um sentido diferente do rigorismo ascético da piedade judaica. E
deveria ser pensado a partir do projeto de Reino proclamado por Jesus. A
prática penitencial não visaria tanto a busca da própria perfeição, num
sentido individualista, nem seria uma forma velada de masoquismo. O
jejum teria duplo significado. Ele seria uma forma de proclamar o
absoluto de Deus e seu Reino na vida do discípulo, através da vitória
sobre os instintos e as paixões desordenadas. Por outro lado, indicaria
estar o discípulo em contínua preparação para o festim definitivo do
Reino. Ninguém se alimenta fartamente antes de ir a uma festa. Pelo
contrário, priva-se de alimentos na perspectiva do que encontrará. O
jejum cristão prepara o discípulo para a festa que o Pai lhe preparou.
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