Para acolher a Boa Nova de Jesus, para acolher aquilo que a graça do
Espírito nos traz é preciso ter a disposição de renovar o coração.
"Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo
novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda" (Mateus 2,21).
Toda a questão do Evangelho de hoje é porque os fariseus foram até
Jesus perguntar o porquê os discípulos de João e os discípulos dos
fariseus jejuavam, mas, os seus discípulos não jejuavam. Por uma simples
questão, porque muitos fazem só por fazer, muitos jejuam só por jejuar,
rezam só por rezar.
Não é uma questão de relativizar, deixar o jejum ou a oração de lado.
É preciso fazer o jejum com o espírito de jejum, fazer oração com o
espírito de oração. É preciso praticar as coisas de Deus em espírito e
verdade.
Não podemos deixar que a nossa religião ou o nosso ser religioso,
seja apenas uma prática de rituais. Religião precisa ser espírito e
vida, precisamos estar inteiros naquilo que vivemos e fazemos, porque
senão, as coisas envelhecem. O "envelhecer" aqui não é de se tornar
velho, é perder o sabor, o gosto, o sentido, a luz.
Estamos fazendo por fazer? Não! Estamos fazendo porque isso dá
sentido e transforma a nossa vida. Se não renovarmos a nossa disposição,
a nossa vontade, o nosso espírito, a nossa mentalidade a cada dia,
vamos envelhecendo na fé, vamos perdendo o gosto, o sabor de viver a
própria fé.
Não podemos julgar ninguém, mas, estaremos muitas vezes, no "banco de
reservas ou na arquibancada" apenas olhando, vivenciando, não
participando, porque cansamos, porque estamos paralisados ou porque não
tem mais sentido para nós fazermos isso ou aquilo, porque o nosso
coração envelheceu e não tornou-se novo.
Quando não temos um coração novo, um espírito renovado, uma
disposição nova, uma mentalidade nova, não conseguimos acolher o novo.
Foi isso que aconteceu com os fariseus, com doutores da Lei e muitos
da época de Jesus. Eles tinham a disposição, mas a velha disposição.
Eles tinham uma vontade, porém, uma vontade velha e paralisada. E quando
a Boa Nova chegou, quem estava com o coração velho recebeu a Boa Nova e
a estragou. Por isso, Jesus dá o exemplo do vinho novo, porque para
vinho novo os odres têm que ser novos, senão aquele odre que está velho
estraga o vinho novo.
Para acolher a Boa Nova de Jesus, para acolher aquilo que a graça do
Espírito nos traz, é preciso ter a disposição de renovar o coração, a
mentalidade, renovar aquilo que somos por dentro para que possamos
acolher a novidade de Deus.
Deus não nos renova porque, muitas vezes, não nos deixamos ser
renovados, transformados pela graça e pela novidade do Evangelho que faz
nova todas as coisas.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
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