Não foi fácil para Jesus levar o povo a estabelecer com ele um relacionamento
correto. Muitas vezes, seus gestos poderosos despertavam sentimentos
inoportunos, com os quais não ele estava de acordo. Jamais o Mestre se deixava aliciar!
A multiplicação dos pães prestou-se para mal-entendidos. Depois de ter sido
alimentada, a multidão foi, novamente, ao encalço de Jesus. Não por reconhecer
sua qualidade de enviado do Pai, mas por ter comido e se saciado, interessada
na repetição do milagre.
No entanto, não interessava a Jesus ser procurado na qualidade de milagreiro.
Ele esperava ser reconhecido como Filho do Homem, portador de um alimento
especial para a humanidade, penhor de vida divina. O seu era um pão diferente:
ele próprio.
A apropriação deste pão dar-se-ia por meio da fé, ou seja, da adesão a Jesus.
Ao aderir a ele, o discípulo afasta de si tudo quanto gera morte, e assimila o
dinamismo vital que o animava, cuja fonte era o próprio Pai.
Jesus estava interessado em saciar, em primeiro lugar, não a fome física, mas
uma outra muito mais fundamental. Saciado com o pão do céu, o discípulo estaria
apto para promover a partilha do pão material que sacia a fome do povo.
A fé em Jesus não se expressa num intimismo estéril. Pelo contrário, ela deve
ser expressa através de gestos, à semelhança daqueles realizados por Jesus.
Também o discípulo é chamado a multiplicar os pães.
Nenhum comentário:
Postar um comentário