Um traço característico
da ação de Jesus foi a sua solidariedade com os pobres e sofredores. O
Evangelho recorre à figura do Servo de Javé, descrita por Isaías, para
compreender este aspecto do ser de Jesus. Referindo-se a este Servo, o
profeta constatava: "Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e
assumiu nossas doenças". Tomou o lugar dos sofredores, aceitando
expiar-lhes as culpas e pecados, já que a doença era interpretada como
uma forma de punição divina devida a alguma ofensa feita a Deus. A isto
se dá o nome de sacrifício vicário.
A ação de Jesus espelha-se
na solidariedade do Servo. Existe, porém, uma diferença entre ambos.
Jesus cuidou de eliminar tudo quanto massacrava o ser humano, privando-o
de sua dignidade. Sua ação libertadora visava restaurar a humanidade,
oprimida pelas doenças e enfermidades, e seus respectivos preconceitos,
em suma, o ser humano oprimido pelo mal. Assim, a ação de Jesus foi mais
efetiva do que o sacrifício vicário do Servo.
A solidariedade do Mestre
colocou-o em contato com toda sorte de pessoas atribuladas: o soldado
romano, a cuja casa predispôs-se a ir, para curar-lhe o servo, embora
ambos fossem pagãos; a sogra de Pedro, cuja mão tocou, para curá-la da
febre, embora o preconceito dos rabinos contra as mulheres impedisse um
tal gesto; os possessos, endemoninhados e enfermos, aos quais curou com
uma palavra cheia de poder.
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